terça-feira, 13 de novembro de 2012

Copa do Brasil 2007, um divisor de águas


Meu amor pelo Fluminense é bem antigo e data o ano de 1995, quando Renato Gaucho nos brindou com aquele gol de barriga que acabou com o centenário do Flamengo. De quebra, ainda fomos campeões carioca. Esse amor começou no ano certo. Se esse amor tivesse sido despertado no ano seguinte, em 1996, talvez ele não resistiria até os dias de hoje.

            O ano seguinte ao título do carioca e excelente campanha do Brasileiro, quando fomos eliminados pelo Santos na semi final, foi a verdadeira prova de amor. Foi o ano do primeiro rebaixamento. O primeiro de tantos que viriam logo em seguida. Não disputamos a série B daquele ano, isso é verdade, mas ficou manchado para sempre na história do clube. Poderia ter sido facilmente esquecido, mas no ano seguinte fomos rebaixamentos novamente. E dessa vez não houve “virada de mesa”, teríamos mesmo que disputar a série B do Campeonato Brasileiro. Mas o amor pelo Fluminense continuou firme e forte.

            1998 talvez tenha sido o pior de todos os anos. Não bastasse a humilhação de disputar a segunda divisão, os jogos ainda eram agendados ao meio-dia. Jogar em baixo de um sol de mais de 40º não foi fácil e, mesmo assim, a torcida estava lá, presente no Maraca. Eu estava em casa ouvindo o jogo, achando que sairíamos com a vitória. O jogo foi contra o ABC, mas o Fluminense não fez a lição de casa e estreou com derrota. Uma derrota humilhante. E, pra completar nosso sofrimento, fomos rebaixados para a série C. Era a última divisão disponível na época e teríamos que disputa-la em 1999.

            O ano começou com grandes mudanças no clube. Nosso técnico era, ninguém mais ninguém menos que Carlos Alberto Parreira, o técnico tetra campeão pela seleção brasileira em 1994. As mudanças surtiram efeito e o Fluminense foi campeão brasileiro ganhando times de pouca expressão no futebol. Enquanto isso, a série A passava por uma grande confusão envolvendo um time da capital, o Gama, e foi criada a Copa João Havelange. O Fluminense foi convidado a participar do torneio que teria a participação de todos os clubes de todas as divisões do futebol brasileiro, da séria A a série C.

            Fizemos um grande campeonato na João Havelange, mas fomos desclassificados por um gol de extrema sorte do São Caetano, na fase de mata-mata. Um forte chute quase do meio de campo que encobriu nosso goleiro. Foi apenas um a zero que nos tirou de mais uma briga pelo título. Mas tudo bem, já estávamos garantidos na série A do ano que vem.

            Mesmo com todas essas decepções, eu estive ali firme e forte torcendo para o Fluminense. Ainda não havia assistido um título nacional, pois quando conquistamos o nosso último, que foi em 1985, eu ainda era muito novo. E eis que tivemos nossa primeira chance na Copa do Brasil, quando fomos derrotados na final pelo Jundiaí. Tristeza total. Haviamos chegado tão longe e “batemos na trave”. Mas tudo bem, estaríamos torcendo pelo Fluminense mais uma vez. Eu sentia que o título nacional estava pra chegar.

            O ano foi 2007. Fizemos uma campanha horrível na Copa do Brasil. Um jogo tenebroso contra o Bahia quase nos tirou precocemente da copa. Mas, apesar dos pesares, fomos ganhando e nos classificando até a grande final. A primeira partida foi aqui no Rio de Janeiro contra o Figueirense. Estava no Maracanã com meu pai, numa noite de quarta-feira. O jogo estava difícil. Um zero a zero sem sinais de que sairia um gol. A hora passando e estávamos ficando preocupados com a saída. Resolvemos sair antes do término do jogo para pegar uma confusão e conseguir uma condução pra casa mais facil. Se não me engano, faltavam menos de 5 minutos para o jogo terminar. Começamos a descer a arquibancada de um Maracanã lotado. Passamos direto sem encontrar a saída. Durante mais uma tentativa de sair do estádio, eis que sai o gol do Fluminense. Não vi quem tinha feito o gol, só soube que era do Fluminense. Foi aquela alegria geral. Quando me dei conta, já estava pulando e abraçando vários desconhecidos. Tomei até um banho de cerveja.

            O segundo jogo foi ainda mais dramático. Já começamos a partida marcando um gol. Me lembro que foi o Roger, logo no comecinho do jogo. Mais uma vez era uma noite de quarta-feira e eu e meu pai estávamos na sala vendo a partida. Sofremos muito por uns 85 minutos! Só dava Figueirense e o Fluminense recuado segurando o jogo até o juiz apitar. Foi a primeira vez que vi o Fluminense conquistar um título nacional. Confesso que quase chorei quando o juiz apitou o fim do jogo. Mais do que a classificação para a libertadores, estávamos ganhando um título nacional depois de tantos anos. Eu finalmente havia visto uma conquista nacional do Fluzão. E o melhor ainda estava por vir, a excelente campanha na Libertadores da América no ano seginte, que só contarei no próximo post.

            Depois de tantas tristezas, o Fluminense, ao ganhar a Copa do Brasil de 2007, tornou-se um outro clube. O patrocinador começou a investir mais e uma série de vitórias e alegrias estava por vir. Posso dizer que aquele título foi o grande divisor de águas para o Fluminense. Deixamos um passado de derrotas apáticas para, depois de alguns anos, ganhar o merecido apelido de Time de Guerreiros.

Continua na próxima semana.

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