quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Nossa dura realidade


Sou fã de séries policias americanas. NCIS, Criminal Mind, CSI NY, Bonnes, Lei & Ordem vejo sempre que posso. Essas produções ficaram mundialmente conhecidas pelas incríveis resoluções dos crimes abordados em suas tramas. Crimes sofisticadíssimos são resolvidos, facilmente, graças à inteligência dos agentes e da tecnologia, principalmente, com o luxuoso auxílio do exame de DNA. Basta a equipe de peritos vistoriar o local do crime, minuciosamente, à caça de provas para que seja possível testar as substâncias e descobrir os assassinos.
 
Em laboratórios de última geração os agentes vão desvendando, aos poucos, os mistérios. Crimes passionais, assassinatos por encomenda, envenenamento, tiro, facada, em lugar isolado ou no meio de uma multidão nada é empecilho para a resolução. No entanto, o que mais me impressiona são os bancos de dados de informação que esses policiais têm à disposição.
 
Vejamos de nada adianta encontrar a substância para fazer o DNA senão houver com o que comparar. De posse de uma digital (parcial ou total), saliva, sêmen, unha, sangue, lágrima etc eles podem "bater" os dados com vários sistemas de informação. Pode ser o banco de dados do trânsito (o Detran deles), além de outros como a relação de pessoas que são alérgicas a determinados medicamentos, de sequestrados, desaparecidos, fichados, militares, políticos, pedófilos, estupradores etc.
 
Vejo tanto esses programas que começo a me acostumar com a ficção e esqueço-me da nossa realidade bem distante. Em pleno século XXI, com tecnologia por todos os lados ainda sofremos com despreparo técnico de nossa polícia. O caso da jovem grávida de 9 meses que levou um tirou na cabeça numa tentativa de assalto, em São Paulo, serve para ilustrar a importância desses sistemas de informação.
 
Daniela Nogueira Oliveira, 25 anos, passou por uma cesariana de emergência que conseguiu salvar a pequena Gabriela, mas não resistiu ao ferimento e faleceu. O principal suspeito, Alex Alcântara de Arruda, 22 anos, foragido da justiça desde 2011 foi detido, nos últimos 2 meses, duas vezes. Ambas no Campo Limpo, região em que a jovem foi assassinada. E, nas duas vezes, foi libertado pela polícia que disse não haver mandato de prisão contra ele. O Tribunal de Justiça de São Paulo admitiu que houve uma falha de comunicação que permitiu a Alex ficar solto.
 
Eu como leiga me pergunto : não há um sistema qualquer que registre se uma pessoa está foragida? Um banco de dados em que seja possível consultar informações no momento de uma averiguação? Uma coisa simples. Nada muito complexo. Os celulares de hoje permitem por meio de aplicativos que qualquer um seja monitorado 24 horas com informações sobre localização, distância e rota para encontrá-lo se quisermos. Somente operações da Lei Seca não são suficientes. Se um foragido passar por uma dessas e estiver sóbrio e com a sua documentação e a do carro em dia seguirá livremente.
 
Alex ter ficado foragido é uma vergonha para a polícia de São Paulo. Se houvesse uma simples pesquisa para verificar seus antecedentes criminais não teria matado Daniela. Pela incompetência do Estado a jovem Gabriela tornou-se órfã, Daniela teve sua vida abreviada e Alex pode agir livremente.



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