quinta-feira, 29 de março de 2012

Ah é Edmundo!


O jogador Edmundo se despediu oficialmente do futebol ontem à noite no gramado de São Januário. Em partida amistosa contra o Barcelona (Equador) para reviver a vitoriosa final da Libertadores de 1998. Aplicamos uma goleada de 9x1 num time que em nada lembrava a equipe de outrora. Edmundo marcou duas vezes. O placar é o que menos importa. A festa preparada pelo clube foi linda e a torcida compareceu em peso (cerca de 21 mil) para se despedir de um ídolo - que poucas vezes, se comportou como tal.
A trajetória de Edmundo no Vasco da Gama é um verdadeiro caso de amor e ódio. Com a mesma intensidade que foi, em muitos momentos, amado foi também odiado em tantos outros. É daqueles jogadores que não dá para ser indiferente.  O ano de 1997 foi o mais marcante no clube, provavelmente, aquele em que foi mais amado. Teve participação fundamental na conquista do Campeonato Brasileiro com partidas memoráveis como os 6 gols contra o União São João de Araras.
E  1995, talvez tenha sido o ápice do ódio quando defendeu as cores do maior rival – Flamengo – no famoso “melhor ataque do mundo” (Sávio, Romário e Edmundo).  Teve excelente rendimento no Palmeiras de 1993/94 e no Vasco de 1997. Não brilhou na seleção brasileira. E coleciona uma série de passagens frustrantes. Não convenceu na Fiorentina, Flamengo, Fluminense, Cruzeiro, Corinthians, Santos etc.
Jogador temperamental e vaidoso poderia ter tido uma carreira de mais sucesso. Se tivesse a cabeça no lugar e agisse com um jogador profissional teria conquistado muito mais. Protagonizou junto com Romário e Eurico Miranda um dos maiores casos de briga de vaidades do Futebol. Os dois competiam pelo amor da torcida e por regalias. Dentro de campo, pouco fizeram para compensar tanto desgaste para o torcedor e para a imagem do clube.
Amando ou odiando uma coisa é certa seu nome já ficou marcado na história do clube. Nos momentos mais dolorosos esteve presente. Não dá para apagar o pênalti perdido contra o Corinthians na Final do Mundial, em pleno Maracanã. E, muito menos, o rebaixamento em 2008 quando era o capitão do time. Apesar de ainda ser profissional naquele ano já se comportava como torcedor. O talento ainda estava ali, mas o físico não o deixou aparecer. O choro compulsivo ao final do jogo o igualou aos torcedores na arquibancada. 
O apelido Animal lhe cai perfeitamente. Em muitas situações, foi assim que agiu. Deixava a civilidade de lado para esbofetear adversários, xingar companheiros e fazer gestos obscenos para a torcida. E mandou a racionalidade para escanteio ao se envolver num acidente de carro, que deixou 3 mortos.
Edmundo é um jogador que deveria servir de modelo para os jogares mais novos. Modelo daquilo que não se deve fazer. Nenhum talento tem o poder de superar falta de profissionalismo, irresponsabilidade e imaturidade. Se usasse a cabeça com a mesma volúpia que usou, muitas vezes, as mãos para defender sua honra de macho alfa dentro de campo poderia ter feito muito mais felizes seus colegas – a torcida do Vasco.

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