As manifestações das últimas semanas em todo o país ainda repercutem. Analistas políticos, mídia, políticos, e autoridades ainda tentam entender o que está acontecendo. Muitos acusam o movimento de não ter foco, em função das revindicações variadas e tentam questionar a validade do movimento.Vivemos numa sociedade multifacetada, em que realizamos várias tarefas ao mesmo tempo, temos vários interesses. Características próprias da contemporaneidade, então porque seria diferente com um movimento popular? Por quê deveríamos nos concentrar numa pauta de cada vez?
O que motivou milhares de pessoas em cantos tão distintos do país para ganharem a rua não foi um motivo pontual. Foi uma insatisfação latente com o rumo que o Brasil está tomando. Há anos deixamos de ser o país do futuro, visto que o futuro chegou. Então, até quando conviveremos com uma saúde e educação pública precárias, com políticos corruptos, com tanta desigualdade social que permite que num mesmo Estado haja lugares tão distintos como Leblon e Japeri?
A redução da tarifa dos transportes, a anulação da PEC 37 e o fim da corrupção política são pedidos em comum. Os dois primeiros já foram atendidos. E o terceiro ganhou concretude ontem com a aprovação de um projeto de lei pelo Senado que pretende tornar a corrupção um crime hediondo.
O Rio de Janeiro é a cidade, até o momento, que mais mobilizou pessoas. Acredito que alguns acontecimento recentes foram a gota d'água para os cariocas. A agressão física do prefeito Eduardo Paes, a um cidadão após receber duras críticas a seu governo. O aumento da tarifa dos transportes públicos, sobretudo, do ônibus. E os mandos e desmandos do prefeito na rotina da cidade para a Copa das Confederações. Isso tudo aliado ao fato de que sediaremos mais dois grandes eventos esportivos: Copa do Mundo e Olimpíadas, bem como a Jornada Mundial da Juventude foram o estopim para explodir uma onde de insatisfação.
O carioca está sitiado em sua cidade. A sensação é de que nós tiraram de nossa casa para arrumá-la para a chegada de uma visita super importante, mas até do que o morador da casa, seu verdadeiro dono. Ninguém nos perguntou se queríamos recebê-la. Ninguém nos explicou o que seria preciso fazer para agradá-la e muito menos o quanto iríamos gastar com sua estada. Enfim, cansamos de ser expectadores.
Deve ser assustador para algumas pessoas, que faturam muito com a situação, assistir a população deixar de lado desejos pessoais para lutar por causas coletivas. Deve ser assustador para os políticos serem rejeitados sumariamente. Deve ser assustador para a mídia perceber que as redes sociais também servem para informar. É assustadoramente maravilhoso para a sociedade compreender o poder que possui.
Torço para que esse ímpeto seja mantido para sempre. Que nos motive a acompanhar a vida política como ao Campeonato Brasileiro de Futebol. Que nos faça refletir sobre qualquer ação que possa ser permissiva com qualquer forma de corrupção da carteirinha falsificada até o desvio de verbas. Que nos mobilize constantemente a lutar por nossos direitos. Que nos ensine o significado de cidadania.
Acabou a farra, o povo voltou!
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