sexta-feira, 14 de junho de 2013

Nosso tempo é hoje!

Saudações tricolores. Meu post de hoje é a reprodução do blog do torcedor Flupress, de Gustavo Albuquerque publicado no Globo.com



Na coluna posterior ao jogo heróico contra o Goiás pedi cautela.
Cautela, porque uma partida pode sim ser vencida daquela forma, naquelas circunstâncias. O futebol tem mesmo dessas coisas e jogos como aquele ainda irão pipocar aqui e ali, fazendo com que os torcedores se extasiem num sentimento inexplicável.
Mas não há campeonato de pontos corridos que se vença daquele jeito.
Nossas duas últimas conquistas foram forjadas no pragmatismo. Tínhamos planos de jogo definidos, boas peças de reposição e jogadores que desequilibravam jogo sim, jogo também.
O Fluminense deste ano tem tudo para brigar pelo título. Tem time para isso, tem treinador campeão e goza do respeito por parte de seus adversários.
Mas pode perder tudo em razão de outro pragmatismo.
Não estou maluco. Pragmatismos diferentes.
A lógica do futebol é diferente da lógica do que chamam por aí de “o mercado”.
O pragmatismo que reina aqui não reina lá, por mais paradoxal que isso pareça.
Digo isso porque tenho acompanhado com atenção o que dizem nas redes sociais alguns tricolores com acesso às decisões políticas e estratégicas do clube.
Há um certo encantamento pelos conceitos de gestão do tal mercado. É “player” para cá, “stakeholder” para lá e sem perceber parece que estamos diante de grandes ideias a serem aplicadas numa empresa que desponta como a nova panaceia para o mercado de entretenimento desportivo do país.
Não, não…
Não é nada disso.
Perdoem-me a ironia.
O Fluminense é um clube centenário, e existe em função de sua torcida, alimentada por títulos, alcançados pela competência no âmbito desportivo. O Fluminense é, no frigir dos ovos, um sentimento. Uma força abstrata, uma energia inquebrantável que – isso é verdade – precisa de organização, método e competência para seguir adiante.
Mas o fim, a finalidade, do nosso clube não é a mesma dessas empresas de mercado que às vezes socorrem nossa administração em seus conceitos.
Não concebo uma força como o Fluminense criar qualquer estratégia que não seja se organizar para vencer tudo o que disputar e ter cada campeonato de futebol como meta de curto prazo.
Tenho absoluta convicção de que muitos dos que se agarram ao pragmatismo de mercado, e que eventualmente estejam lendo essas linhas, estejam também me ridicularizando. E é possível que, na melhor das hipóteses, me julguem um camarada sem argumentos sólidos, talvez um sonhador (sonhar é quase pecado no mundo corporativo…)
Mas peguemos o caso do Carlinhos, como exemplo.
É consenso na cúpula tricolor que os valores provenientes de sua venda não justificariam a liberação de um atleta cuja reposição em mesmo nível seria muito improvável.
Também é consenso que sob o ponto de vista legal não há nada que obrigue o Fluminense a vendê-lo por qualquer valor abaixo da multa rescisória que, sabemos, é estipulada exatamente para inviabilizar as transferências.
O ponto de dúvida em nossa diretoria sobre a venda é muito pertinente para os operadores de “mercado”: grande parte dos direitos do Carlinhos está na mão de “parceiros”, ou, em bom futebolês, essa galera que adquire jogador e o coloca no clube a espera que sua valorização encha seus bolsos com a venda de seu atleta, ou, para ficar melhor, seu “ativo”.
Temem que segurá-lo, a contra gosto dos “investidores” possa criar ambiente comercialmente ruim para futuras “parcerias”.
Na Coca-Cola, no Itaú, na Sul América ou na minha consultoria eu reputo essa estratégia como algo pragmaticamente eficiente para a manutenção do bom ambiente negocial.
Mas como já expûs, no futebol o pragmatismo é outro, e quase sempre está ligado à bola na rede adversária.
Abro uma pausa para dizer que muito me orgulha ter ajudado a colocar com meu voto essa equipe que lá está, alicerçada pelo bom grupo político que sustenta todas as operações do clube.
Tem que trazer gestão profissional, sim; vez ou outra tem que aplicar regras de “mercado”, sim; quase sempre tem que ter calma e frieza para negociar e isso pode implicar em cessões indesejadas, sim.
Mas a regra no futebol passa – também com um sonoro SIM – por alguma paixão.
Não quero meu clube dirigido como uma empresa. Não vendemos nada, não distribuimos bonûs aos acionistas, não oscilamos de valor em bolsa de valores.
Nossos dividendos são outros. E são inexplicáveis, quase sempre imortalizados em abraços de punho cerrado e gritos de guerra que, ao meio dia na Avenida Rio Branco, não fariam fazer sentido algum.
O Fluminense que o Peter já começou a reconstruir tem tudo para ser de novo exemplo de excelência em gestão esportiva que já foi em outros tempos.
Temperar melhor a rigidez e o empolamento dos que acreditam ter os melhores caminhos, já trilhados em seus MBAs e boas práticas de governança, com a busca concreta por vitórias e títulos todo dia, me parece ser um desafio importante.
A lógica pragmatica do mercado tem que saber conviver com as regras que não se medem por cifras do futebol.
O Fluminense vive um momento único em sua história. Toda vitória é para ontem, porque atualmente todo título é possível.
E meus amigos, atualmente não é para sempre.
A hora é agora, nosso tempo é hoje.
Não desfaçam nossa espinha dorsal. Jogadores como Cavalieri, Gum, Carlinhos, Jean, Sóbis e Fred são inegociáveis.
E o serão até que ORGANIZADAMENTE tenhamos possibilidade de restruturar nosso elenco.
Negociá-los – principalmente sob a alegação de que “temos que cuidar dos interesses de nossos parceiros” é contribuir sensivelmente para transformar nossa condição de favorito em franco atirador.
E aí, além de nossos queridos “parceiros”, quem ganharia com isso eu não saberia dizer.
Querem mais “stakeholders”? Com mais visibiliadde eles vem. E quem a traz não são os “tomaladacás” paroquiais das negociações de ocasião.
São mais e mais e mais e mais CONQUISTAS.
Vamos, acima de tudo, continuar vencendo, Fluminense.
Abraços tricolores
CURTAS
- Aos que não se amarram nesse tipo de post, eu peço compreensão. De alguma forma isso aqui se presta a representar a voz da torcida. Neste momento acho que posso contribuir mais assim do que criticando os jogadores pelo péssimo futebol mostrado ontem.
- Samuel, Denilson, Biro Biro, Eduardo, Fábio e mais um banco repleto de meninos. A molecada pode ser boa, mas a oscilação faz parte nessa idade de formação do jogador. É impossível achar que um time cascudo como o nosso pode absorver tanto garoto de uma vez sem que haja significativa perda de desempenho coletivo.
- Foi só elogiar o Diguinho… Ontem não jogou nada. Assim como todo o time. Um verdadeiro circo dos horrores a partida de ontem.
- O Biro Biro não agüenta o tranco com zagueiro mais forte. Devem estar fazendo trabalho de reforço muscular. Caso contrário, não vai dar caldo.
- SampaFlu fez bonito ontem. Vários amigos filmados pela câmera da Globo.
- Peter em Brasília correndo atrás de apoio político para neutralizar a imoral medida tomada pela PFN e seus procuradores rubro-negros. Foi recebido no Planalto e na cúpula da AGU. Tenho plena confiança que a situação será resolvida. E fico confortável em saber que tem gente lutando de verdade por nossos interesses.
- Quando o Rodrigo Caetano vai transformar o “precisamos vender” em “precisamos reforçar”? Esperamos de alguém em sua posição mente permanentemente voltada para reforçar o time. Para vender, não precisamos de um gerente de futebol, um leiloeiro resolve.

Nenhum comentário: