Se um pesquisador propusesse
testar um medicamento para idosos utilizando como modelo moças de vinte anos;
ou testar os benefícios de determinada droga para minimizar os efeitos da
menopausa utilizando como modelo homens, certamente haveria um questionamento
quanto à cientificidade de sua metodologia.
Isso porque assume-se que moças
não sejam modelos representativos da população de idosos e que rapazes não
sejam o melhor modelo para o estudo de problemas pertinentes às mulheres. Se
isso é lógico e estamos tratando de um mesma espécie, por que motivo aceitamos
como científico que testem drogas para idosos ou para mulheres em animais que
sequer pertencem à mesma espécie?
Por que aceitar que a cura para a
aids esteja no teste de medicamentos em animais que sequer desenvolvem essa
doença? E mesmo que o fizessem, como dizer que a doença se comporta nesses
animais da mesma forma que em humanos?
Mesmo livros de bioterismo reconhecem
que o modelo animal não é adequado.
Dados experimentais obtidos de
uma espécie não podem ser extrapolados para outras espécies. Se queremos saber
de que forma determinada espécie reage a determinado estímulo, a única forma de
fazê-lo é observando populações dessa mesma espécie naturalmente recebendo esse
estímulo ou induzi-lo em certa população. Induzir o estímulo esbarra no
problema da ética e da cientificidade.
Certas drogas, inócuas em
animais, já causaram grandes desgraças quando usadas em humanos. A mais
conhecida foi a talidomida. Macacos não desenvolvem câncer de pulmão mesmo
sendo obrigados a tragar cigarros continuamente. Se a diversidade genética
entre indivíduos já é significativamente grande para levar respostas diversas após
um mesmo estímulo, o que se pode esperar entre diferentes espécies?
Pesquisas já são feitas com
voluntários, podem ser feitas em criminosos que desejem reduzir suas penas ou
ainda em culturas de células humanas. Se forem necessárias outras técnicas, os
seres humanos devem ser competentes o suficiente para desenvolvê-las. Um exemplo
de desperdício na ciência é o descarte diário de milhares de cordões
umbilicais, ricas fontes de células. A manutenção até os dias de hoje de
experimentos em animais visa puramente interesses financeiros, e já deveria ter
sido abolida há décadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário