Quando a nova diretoria do
Flamengo tomou posse surpreendeu muita gente com algumas decisões acertadas,
principalmente, financeiramente. O presidente, em seu discurso de posse, afirmou
que o compromisso de sua gestão seria quitar as dívidas do clube. A primeira ação foi contratar uma empresa para
elaborar uma auditoria das contas e dimensionar os valores reais da
inadimplência histórica.
Achei muito profissional essa nova postura e cheguei a pensar que as coisas começavam a mudar por lá. Infelizmente, as eleições no futebol são muito
parecidas com nosso pleito político. O detentor do cargo anterior quando perde
parece que sua única obrigação é esvaziar a sala. Não precisa se preocupar em
entregar nenhum tipo de relatório explicando, justificando e contabilizando as
ações de sua gestão. O seu sucessor faz a mesma coisa e lá vamos nós num
círculo vicioso sem fim.
Conforme os números estão
sendo apurados a imprensa pública matérias relacionadas a má administração
anterior. E o clube já assumiu que deve muito mais do que declarado recentemente. Se comprovado que a gestão da ex-presidenta, Patrícia Amorim, cometeu
improbidade administrativa o clube tem como obrigação fazer com que os culpados sejam
punidos legalmente.
Por essa postura
profissional da nova diretoria rubro-negra é que fiquei surpresa com o anúncio
da extinção do judô e ginástica olímpica de alto rendimento do clube. Quando não renovaram o
contrato com o nadador César Cielo a justificativa foi a de que o clube iria
investir somente na formação de atletas, ou seja, nas divisões de base.
Contudo, não é isso que estamos vendo. Estamos presenciando um desmantelamento injustificável. Não há falta de verba no mundo que justifique essa atitude. Uma tremenda falta de respeito com os atletas, que sequer foram comunicados pessoalmente. Bastou uma nota anunciando a decisão. Essa atitude soa como uma retaliação à administração anterior que se propôs a investir em esportes olímpicos, sendo a
própria ex-presidenta uma ex-nadadora.
A eterna falta de patrocínio
foi à justificativa para essa ação radical. No entanto, o Flamengo sequer
procurou novas alternativas ou conversou com os atletas e comissão técnica
envolvidos. Simplesmente anunciou o fim das atividades. Judô, natação e
ginástica são três modalidades olímpicas e estamos às vésperas de uma edição dos Jogos que será realizada em nossa casa. Se nem assim, os esportes ditos
amadores, conseguem respeito é melhor nos prepararmos para uma atuação pífia,
pois de nada adiantará se com a proximidade dos Jogos patrocínios pipocarem
para nossos atletas.
Não se faz uma campeã ou campeão
olímpico faltando dias para a abertura dos Jogos. Primeiro foi à extinção do
Estádio Célio de Barros para a construção do Complexo Maracanã. Agora com essa
decisão do Flamengo mais atletas ficaram desempregados e sem local de treino. Ah
e para piorar, ainda mais as coisas, nem o basquete rubro-negro – que há poucos
dias tomou o noticiário pela sua invencibilidade na Liga – está a salvo. Por
enquanto, se manterá devido ao patrocínio vigente. No entanto, a continuidade
não está garantida. Isso tudo, repito, na cidade
que irá sediar os Jogos.
Infelizmente, o Flamengo não
é o único clube de futebol que menospreza os esportes olímpicos. Recentemente,
o jornal O Globo denunciou o fechamento da piscina do Vasco por falta de
manutenção. Atletas e comissão técnica relataram, anonimamente, as condições
precárias de trabalho no Clube da Colina. O Vasco foi outro que usou a falta de
patrocínio como desculpa.
O futebol é a paixão
nacional. Todo mundo sabe disso. Mas, isso não nos impede de praticar e
investir em outras modalidades. Se os outros esportes são tão desnecessários
assim por que, motivo, razão ou circunstância queremos tanto nos transformar em
cidade olímpica?
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