sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Olimpíadas








A seleção de futebol feminino do Brasil foi eliminada pelo Japão. César Cielo não conseguiu a medalha de ouro, ficando com a de bronze. Esse era talvez o atleta brasileiro em que mais  apostávamos como vencedor de sua prova.  Ele é um perdedor?
Já prevejo artigos e comentários dizendo que ele nunca foi isso, que o atleta brasileiro não vale nada, etc.
Há apenas três medalhas em todas as provas, e bem mais do que três atletas para cada uma; isso significa que a imensa maioria que vai para as olimpíadas não consegue medalha. seriam todos perdedores?
Na verdade, qualquer atleta que chegue aos jogos olímpicos já é um vencedor. Pode não ser o melhor do mundo, mas com certeza faz parte da elite dos praticantes de sua modalidade. Já disputou e venceu inúmeros campeonatos nacionais e internacionais e é admirado pelos colegas, que dariam tudo para estar no seu lugar. Mas para nós, pelo visto, nada disso tem importância.
Agora, se mal lhes pergunto, quais são mesmo as credenciais do Brasil para correr atrás do outro? Com exceção do futebol e mais recentemente do vôlei e do basquete, não temos qualquer tradição esportiva. Nossos atletas dofrem com falta de estímulo, de patrocínio e de equipamento. Muitos lutam com dificuldades que há tempos não fazem parte do show dos seus colegas mais preparados: trabalham em empregos que não tem nada a ver com esporte, perdem horas preciosas de treino no trânsito, não têm dinheiro para nada. Para piorar a situação, ninguém se interessa pelo que fazem. A televisão, que exibe à exaustão os jogos mais ridículos do Campeonato Brasileiro de futebol, sequer menciona as demais modalidades esportivas. Os atletas vão para suas competições tranquilos, ignorados pelo público e pela mídia. E aí vêm as olimpíadas e, com elas, a luz dos holofotes e a atenção (na verdade, a cobrança) do país inteiro. Não há preparo psicológico que resolva isso.
Se o Brasil realmente sonha em conquistar medalhas nos esportes olímpicos, deveria pensar neles com mais frequência. Deveria ensiná-los nas escolas e dar às crianças mais talentosas condições ideais de treinamento. Sempre. Todo dia, ano após ano, em todo o território nacional. Exaltar o espírito olímpico mas só se lembrar dele a cada quatro anos não transforma ninguém em potencia olímpica

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