sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Holanda 74 x Barcelona 2012 x Brasil ?



Hoje vou fugir um pouco ao meu propósito neste espaço  e misturar um pouco de passado com o presente e o futuro. Na realidade, é o futebol praticado pela Holanda em 74 e o Barcelona em 2011 que proporcionou esse efeito mágico de misturar épocas e estilos. A Holanda de 74 apresentou ao mundo o futebol do futuro e o Barcelona de hoje resgatou os ensinamentos do passado.
Em 1974 fiquei assombrado com a Seleção da Holanda. Sempre repeti para os mais jovens que foi a melhor seleção que já tinha visto jogar. Sei que muitos não acreditavam em mim ou achavam que era exagero de um velho recordando os tempos felizes da juventude mas a realidade era que os holandeses encantaram em primeiro lugar a Europa e depois o mundo com seu futebol-carrossel, ou futebol total, como chamavam na época. Todos defendiam, todos atacavam, sem vaidades nem estrelismos. A premissa básica da chamada “laranja mecânica” era: Tomar a bola do adversário o mais rapidamente possível e mantê-la por mais tempo em sua posse. Simples, não? Sem a bola, o adversário  não pode atacar, não pode chutar a gol e se não chutar a gol, não faz gol, e consequentemente não ganha o jogo. Ter a bola e não saber o que fazer com ela, de nada adiantaria e esse foi o segundo ponto fundamental na Holanda. Os jogadores selecionados  não foram escolhidos de acordo com sua posição mas pela habilidade que demonstravam possuir em campo. Mais ou menos o que foi feito com a Seleção Brasileira em 1970, quando tivemos que deslocar Tostão para centro-avante;  Jairzinho de ponta-direita e Rivelino na ponta-esquerda. Todos esses jogavam com a camisa 10, mas essa já tinha dono, claro: Pelé! Piazza foi recuado para a zaga, permitindo a manutenção de Clodoaldo na cabeça de área. Nenhum desses nomes poderia ficar de fora e o jeito foi arrumar um lugar para cada um no time principal. E olhem que mesmo assim ainda deixamos de fora um jogador excepcional  como Paulo César Caju.
A geração 74 da Holanda era constituída por jogadores inteligentes, versáteis, humildes e não havia vaga para jogadores botinudos, incapazes de tocar a bola com precisão e rapidez. Marcavam por pressão a saída de bola adversária dando muitas vezes a impressão de terem 5 ou 6 jogadores a mais em campo. Cada vez que um adversário dominava a bola era cercado por pelo menos 3 holandeses. A Holanda imprensava o adversário em seu próprio campo, exatamente como faz hoje o Barcelona e o goleiro (Jongbloed), que jogava com a camisa 8, era uma espécie de líbero, e tinha mais habilidade com os pés que com as mãos. Lembrem-se que naquela época ninguém imaginava as mudanças das regras que exigem hoje de um goleiro que seja razoavelmente habilidoso com os pés!!!
Johan Cruijff era o craque da Holanda e funcionava como um técnico dentro de campo. Ele ditava o ritmo holandês:  acelerava, reduzia, orientava os jogadores dentro de campo e dava o exemplo voltando para marcar os adversários e buscando espaços vazios, o que lhe permitia aparecer de surpresa na ponta esquerda, ou direita, ou até mesmo como centro-avante.
A Holanda só não foi campeã do mundo pelo acaso que cerca uma competição em que uma derrota é fatal. Mas foi ela, e não a Alemanha campeã, quem fez história.
Passados quase 40 anos, o Barcelona repete a receita holandesa e os resultados são os mesmos: Vitórias, vitórias, vitórias. Por que a fórmula original holandesa foi abandonada até mesmo pela própria Holanda é um mistério mas porque o Barcelona foi buscá-la, é obra de Johan Cruijff que foi jogador do clube por muitos anos, foi treinador e até hoje é uma voz muito influente e respeitada no clube Catalão. Inclusive treina ainda hoje a Seleção Catalã .
Não adianta estarmos aqui elogiando a Holanda e o Barcelona. Como o próprio Neymar confessou após a acachapante derrota na final do Mundial Interclubes da Fifa de 2011, o Santos (e os times brasileiros em geral) teve uma lição de futebol.
Será que aprendemos?
Antes de tudo, há que mudar a mentalidade. Falta visão. Não é que faltem jogadores para os times brasileiros. Messi talvez não explodisse no futebol brasileiro contemporâneo. Poderia ser preterido , já na base, por jogadores ao estilo Dunga.  Desde a base, é dada a preferencia a jogadores que basicamente sabem pouco mais que destruir as jogadas adversárias, na maioria das vezes com faltas desclassificantes. Duas ou três vagas no meio campo são destinadas a eles e na maioria das vezes não sobra camisa para um jogador criativo. Por que o técnico os escala? Por medo de perder o cargo! Se a base fosse vista como lavoura para se colher os frutos na fase profissional, nossa história seria outra! Uma medida simples seria ter professores de futebol e não técnicos na base. Professores, esses, livres da pressão de obter resultados numéricos em termos de campeonato e sim em numero de jogadores formados no Clube. O futebol bonito pode, sim, ser vencedor. Depois de 82 e 86 se consagrou a idéia de que precisávamos nos europeizar para vencer. Infelizmente o Brasil caminhou na direção de Zagallo e não na de Telê.  Dunga e agora Mano são filhos de Zagallo, bem como Muricy.  
É patético que na terra de Pelé, Gérson, Rivelinno e Garrincha tenhamos que ver jogar o Barcelona e ouvir as entrevistas de Guardiola para lembrarmos o que é arte no futebol.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Panorama da NFL


Depois de uma derrota constrangedora, os Cowboys se preparam para enfrentar seus maiores rivais neste próximo domingo. Sim, teremos num Sunday Night Cowboys x Giants, podendo valer a liderança do grupo. Agora não é hora para cometer erros como na partida contra os Cardinals, quando os Cowboys erraram um fieldgol depois do técnico pedir tempo e desconcentrar o kicker. Coisa de amador, no meu ponto de vista.

Vai ser difícil superar a boa fase de Ely Manning. Mesmo jogando fora de casa o QB consegue manter a calma e comandar a equipe nos momentos mais críticos. Já não podemos dizer o mesmo de Tony Romo que, apesar de ter jogado bem contra os Cardinals, não passa uma confiança para sua equipe e principalmente para seus torcedores. Vamos torcer para que jogando em casa ele cresça e distribua vários passes para touchdown.

E que vacilo a comissão técnica dos Cowboys, heim? Pedir tempo justo na hora em que o kicker esta preste a marcar o ponto da vitória do jogo? Se fosse a equipe adversária tudo bem, mas da própria equipe? É pedir para perder mais um jogo e correr o risco de ficar de fora dos playoffs.

***

Só posso indicar uma equipe favorita ao título do Superbowl esse ano: Green Bay Packers. É impressionante como Aaron Rogers e companhia vem jogando. É a única equipe ainda invicta na NFL. Podem vir a perder alguns jogos agora, já que estão matematicamente classificados aos playoffs podem escalar os jogadores reservas. Parabens para e quipe da baia verde.

E os Colts? Que fiasco, heim.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Rei! Rei! Rei!



Reinaldo, do Atlético Mineiro

Rei, Rei, Rei! Reinaldo é nosso Rei! Esse era o grito que a torcida do Atlético Mineiro entoava no final da década de setenta, início dos anos oitenta. Por doze anos, ele foi o soberano do Mineirão.






Reinaldo ficou consagrado por sua genialidade, seus dribles desconcertantes e sua vocação para o gol. Conseguiu levar o Atlético-MG a sete títulos mineiros em oito anos (1976, 78, 79, 80, 81, 82 e 83), sendo artilheiro do time e do campeonato inúmeras vezes. Em 1977, Reinaldo estabeleceu um recorde que só foi batido 20 anos depois: o de artilheiro do Campeonato Brasileiro com 28 gols. Porém, se levarmos em conta que o Atlético Mineiro disputou apenas 21 partidas, ele teve uma média de 1,33 gols por jogo, o que daria hoje, com 38 jogos, um total de 50 gols!!!!
A curiosidade sobre esse campeonato, vencido pelo São Paulo, é que o vice colocado, Atlético Mineiro não perdeu um só jogo durante a competição (assim como o Botafogo) e terminou o certame com dez pontos de vantagem sobre o vencedor. Coisas do Brasil!




Precoce, Reinaldo começou a jogar no time profissional do Atlético Mineiro em 1973 com apenas 16 anos. Reinaldo praticamente pulou das categorias de base para os profissionais e não teve tempo de aprender as malícias dos zagueiros adversários, bem mais experientes e maldosos e pagou caro pela sua habilidade. Em razão das entradas duras e desleais dos adversários, fez um total de nove operações em seus joelhos, ao longo da carreira. Em operações sucessivas, Reinaldo sofreu duas intervenções cirúrgicas no joelho esquerdo. Extraiu, na primeira, o menisco interno; na segunda, o externo. Nestas ocasiões foi operado pelo médico Abdo Arges. Logo depois, pelo médico Neylor Lasmar. Foram retirados os outros dois meniscos, da perna direita. Com isso, Reinaldo era obrigado a treinar todos os dias sem folga, pois seus músculos podiam tender à atrofia, se parados. O artilheiro pendurou as chuteiras de forma pré-matura, com apenas 31 anos.
Fez parte de uma geração espetacular, com destaque para Toninho Cerezzo, Paulo Izidoro, Luisinho, João Leite e Marcelo, talentosos jogadores que formaram um dos mais fortes times do Galo.




Reinaldo não era um Tostão mas era inteligente como ele; Não era um Ademir da Guia, mas tinha sua elegância; Não era um Romário, mas tinha a mesma frieza e habilidade em fazer gols. Enfim, Reinaldo era uma mistura desses jogadores excepcionais, o que o tornava mais extraordinário ainda.
O que mais me agradava em Reinaldo era a forma elegante como fazia seus gols. Em geral, ele apenas tirava a bola do alcance do goleiro, dando um leve toque por cima, sem usar força desnecessária.



A final do Campeonato Brasileiro de 80 foi emocionante: O Atlético vencera a primeira por 1 x 0, gol de Reinaldo e veio ao Maracanã para o segundo jogo, precisando apenas do empate. O Flamengo tinha um time poderosíssimo que no ano seguinte viria a ser campeão mundial interclubes e abriu o placar com Nunes. Reinaldo empatou logo em seguida e no final do primeiro tempo Zico fez 2 x 1 para o Flamengo. O jogo era nervoso, violento e como sempre, Reinaldo era caçado em campo. Completamente sem condições de jogo, Reinaldo foi mantido em campo apenas pela sua extraordinária habilidade e enquanto o maracanã inteiro gritava “Bichado! Bichado!” , o craque mineiro respondia com dois lençóis consecutivos no grande lateral esquerdo Júnior junto a linha de fundo. Mancando e podendo tocar na bola apenas de leve, Reinaldo ainda empatou o jogo, aos 22 minutos do segundo tempo. O Juiz, então resolveu dar uma ajudinha ao time do Flamengo e expulsou Reinaldo, alegando que o atacante retardava o andamento do jogo, pois o empate dava o título ao galo. Aos 37 minutos, nova confusão quando o juiz deu um impedimento duvidoso e acaba expulsando o técnico Procópio. No reinício, com o time do Atlético ainda reclamando da expulsão de seu técnico, Nunes é lançado e marca o terceiro gol do Flamengo. Nova confusão, mais dois jogadores do Atlético são expulsos e o jogo termina com o Flamengo sendo Campeão Brasileiro pela primeira vez. Reinaldo nunca seria campeão brasileiro.



Foi um jogador diferenciado, que jogou mais ou menos dez anos com 90% de cérebro e 10% físico. Ainda assim infernizou defesas adversárias, marcou gols e fez jogadas antológicas. E sua média de gols no campeonato Brasileiro ainda não foi batida!
Reinaldo sempre se interessou pela política nacional e se posicionou contra a ditadura. O gesto que fazia, braço direito levantado e punhos cerrados, para comemorar cada gol era motivo de discussão. Remetia, tal gesto, aos Panteras Negras, militantes da causa negra nos EUA. Após a carreira de jogador foi eleito Deputado Estadual pelo PT e cumpriu mandato como vereador pelo Partido Verde. Além disso, Reinaldo foi comentarista esportivo na TV Alterosa.



Em 1998, teve um envolvimento com traficantes de drogas e admitiu ser usuário de cocaína, chegando a ser condenado a quatro anos de prisão por tráfico, mas absolvido em segunda instância.




Reinaldo foi, sem sombra de dúvidas para mim o melhor centro avante (número 9) que eu vi atuar!



terça-feira, 29 de novembro de 2011

O despertar de uma paixão




Nunca fui fã de lutas. Sempre considerei um esporte violento e, por isso, me mantinha distante. Tinha pouquíssima noção. O suficiente, somente, para distinguir de outros esportes. Até que um belo dia, curiosa para saber o motivo de tantos comentários e descobrir o responsável por prender a atenção de meus irmãos em frente a tv (sem ser futebol) resolvi ver do que se tratava.
Era o combate Anderson Silva x Victor Belfort. O Belfort eu já conhecia. Sabia que além de lutador era marido da Feiticeira (Joana Prado) e também o irmão daquela jovem que desapareceu, misteriosamente, no Rio de Janeiro e até hoje não foi encontrada. Um caso muito triste que dominou o noticiário por muito tempo.
Já o tal do Anderson Silva não tinha a menor noção de quem era. Ouvia meus irmãos falando de um tal Aranha que lutava muito, mas nunca parei para dar muito atenção a conversa. A apresentação não podia ser de melhor maneira. Bastou um chute certeiro no rosto do adversário para me mostrar sua força. E olha que o Victor Belfort não é um oponente qualquer, pelo contrário, possui um currículo repleto de conquistas. Aos 19 anos, tornou-se o mais jovem lutador da história a vencer no UFC. Mas, não havia como reagir diante da potência do pontapé. A luta deu ao Anderson a fama nacional e ao Victor a derrota mais dolorida de sua vitoriosa carreira.
Pronto, foi amor à primeira vista. Virei fã do cara. Seu estilo de luta é ousado, algumas vezes, abusado. Com a guarda baixa gira levemente pelo ringue medindo o espaço que o separa do oponente para com sua rapidez dar o bote. Músculos rígidos e olhar focado contrastam com seu tom de voz fino. Motivo de chacota para alguns corajosos.
Anderson Silva é o melhor, em sua categoria, mas não tem nenhuma vergonha disso. Não carrega a síndrome do cachorro vira-lata que acomete muitos atletas brasileiros. Os americanos já se renderam ao seu talento. Nós brasileiros, mais uma vez atrasados, estamos nos apaixonando agora. Suas lutas são um show à parte, porém sem humilhar o adversário. Só que quando desafiado ou provocado costuma responder à altura dentro do ringue.
A princípio a paixão se restringia ao Anderson. Não queria saber de outras lutas. Só assistia as dele. Mas, para acompanhar o namorado acabei assistindo ao torneio realizado no Rio de Janeiro. E é sempre muito bom ver brasileiro ganhando. Na noite de 27 de agosto, de 10 lutas ganhamos 9, com direito a mais um show do Aranha.  Assim ficou difícil resistir a febre MMA e estou me deixando contagiar.
Aos poucos vou me familiarizando com as regras, os golpes e os jogadores. Ainda fecho os olhos com determinados golpes, fico nervosa quando tem sangue. Contudo, no zapear de sempre o Canal Combate já faz parte de uma paradinha estratégica. E foi em uma dessas paradinhas, em plena manhã de domingo, que me entreguei de vez ao esporte.
Graças a reprise da luta entre o brasileiro Maurício Shogun Rua e o americano Dan Henderson. Um combate magistral. Os dois são peso pesados, então, já dá para imaginar o tamanho das feras. Nunca vi uma luta tão disputada. Shogun mostrou um poder de resistência e de recuperação incríveis. Quem viu seu início de luta não poderia imaginar que aguentaria até o fim. O nocaute parecia pronto a se apresentar.
Para surpresa de todos não só aguentou como reagiu. Devolveu cada pancada recebida. Da defesa ao ataque em poucos minutos. E se não fosse o cansaço físico teria condições de liquidar seu adversário por nocaute. A luta acabou com ambos extasiados, lutadores e público que assistia. Na decisão dos juízes Henderson ganhou. Na minha concepção, o empate seria o resultado mais justo. A briga foi tão “feia” que os dois lutadores estão impedidos de praticar qualquer atividade física, inclusive treinos, por 180 dias, de acordo com recomendaçãoes médicas, para que o corpo se recupere de tanto esforço e desgaste.
No entanto, o resultado é o que menos importa. Muito mais significativo foi a postura dos lutadores. Os especialistas classificaram a luta como clássica, épica. Na visão de uma leiga foi a prova de que estamos falando de um esporte em forte expansão, que atrai a cada dia mais praticantes e fãs e com uma organização admirável. Isso no momento, em que nossa paixão nacional - o futebol -  nós premia com um festival de desorganização dentro e fora do campo, jogo de interesse, troca de favores, falta de profissionalismo e muita muita muita corrupção é gratificante saber que ainda há uma luz no fim do túnel.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Mesmo jogando mal, Steelers vence o fraco Kansas City

Um péssimo jogo para ambas as equipes, com um placar magro de 13 a 9 os Steelers conseguiram a vitória sobre o Kansas City Chiefs. O desempenho do quarterback dos Chiefs Matt Cassel foi um dos piores já vistos, lançando diversos passes para interceptação e outros erros. Os Steelers, por sua vez, deveriam ter se aproveitado melhor dos erros do adversário fazendo um placar mais folgado, mas só conseguiu anotar um TD e alguns FG. Lamentável.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Minha primeira vez!



Minha primeira experiência no maracanã foi aos 10 anos de idade e foi ali que eu realmente me tornei um tricolor!
Éramos muito pobres e meu pai trabalhava incessantemente, de segunda a sábado em seu emprego de Carpinteiro e aos domingos invariavelmente ele tinha algum biscate para fazer, complementando assim a renda mensal.
Era como se fosse uma experiência religiosa: Eu e meu pai acabávamos de tomar o café da tarde e ficávamos sentados no sofá da sala. O rádio, um Phillips de 4 pilhas grandes ligado em cima da mesa de centro, como se fosse a televisão que não possuíamos era ligado num volume alto, para não perdermos nenhum lance. Eu adorava aquilo, principalmente porque tinha poucos momentos juntos a meu pai, coitado, que vivia sempre ocupado trabalhando. Eu imaginava os lances, acompanhava a tudo com a maior atenção e pulava junto do goleiro Félix, para fazer uma defesa espetacular, ou roubava a bola do adversário com a calma e a tranqüilidade de Denílson, o “Rei Zulu”. Vibrava com os golaços de Flávio, o “Minuano”, e me divertia com os dribles imprevisíveis do ponta-direita Cafuringa!
Certo dia, meu pai me avisou que iríamos ao Maracanã ver o Fla-Flu. Eu me recordo que fui sem saber que era a decisão do campeonato carioca, só sabia que iria no Maracanã e que era algo que eu nunca tinha imaginado na minha vida! Eu era só expectativa, porque naqueles tempos duríssimos, era raro um passeio que não fosse à Quinta da Boa Vista ou à praia, divertimentos gratuitos.
Quando lá chegamos, fiquei boquiaberto! Havia muita gente indo pra lá e pra cá, cada uma mais apressada que a outra. Meu pai segurava minha mão com uma força maior que normalmente usava, e a todo momento me recordava para não me afastar dele. Meu coração batia descompassado e fui entrando, sem querer, na mesma excitação que unia a todos naquele momento. Meu pai comprou as entradas, sempre me carregando pra lá e pra cá e eu apenas seguia, como ele queria. Entramos por uma espécie de túnel e quando saímos do outro lado, tive a visão encantada do gramado do maracanã! O estádio era enorme, gigantesco e estava completamente abarrotado. Tivemos sorte de encontrar um lugarzinho para dois, apertando aqui e e ali e ficamos eu e meu pai, praticamente sem nos falar, pois logo em seguida o Fluminense entrou em campo. Uma multidão gritando e cantando, agitando enormes bandeiras coloridas, jogando pó-de-arroz, e soltando bolas de gás. Era muita alegria para meu pequeno coração. Eu olhava a tudo, sem querer perder nenhum detalhe, os olhos girando pra lá e pra cá, querendo saber todos os detalhes, todos os movimentos dentro e fora do campo.
Me lembro que antes da partida ser iniciada, soltaram vários pombos que voaram em círculos cada vez maiores, como se tivessem ensaiado durante toda a semana para essa cerimônia em especial. Balões foram soltos e cada torcida vibrava quando o seu balão conseguia escapar do estádio e voar livre, pelo Rio de Janeiro.
Quando a partida começou, iniciou-se também o meu sofrimento. O Flamengo partiu pra cima do Fluminense e não dava um minuto de descanso. Uma ou duas vezes o Flamengo esteve a ponto de marcar, mas o grande goleiro Félix salvou-nos por pouco. De repente, gol do Fluminense! Uma bola rebatida pelo goleiro Domingues do Flamengo sobrou pelo lado esquerdo. Lula, nosso ponta-esquerda tentou fazer o gol, dando um chute que passou rasteirinho a centímetros da linha de gol e acabou do lado oposto onde vinha entrando o ponta-direita Wilton que sem ângulo, conseguiu meter a bola dentro do gol! Eu e meu pai pulamos, gritamos e demoramos a nos sentar novamente. No entanto, a pressão do Flamengo não diminuía, e nosso sofrimento aumentava. Faltando dez minutos para terminar o primeiro tempo, o meio campista do Flamengo, Liminha, acertou um “canhão” pelo alto, de longe, empatando a partida.
Na nossa frente estava uma menina, adolescente, torcedora do flamengo, que começou a me encarnar, jogando pipocas do saco que ela estava comendo em mim, dizendo que o Flamengo iria ser campeão, porque o Flamengo era melhor, porque o Fluminense era fraquinho... aquilo mexeu com meus brios! Fechei a cara e passei a gritar mais alto quando o jogo recomeçou e pra minha surpresa, logo em seguida, o Fluminense desempatou a partida, com um gol de Cláudio. Melhor ainda: o goleiro do Flamengo reclamou com o juiz e acabou expulso, ficando o Flamengo com um jogador a menos. Devolvi todas as encarnações para a flamenguista à minha frente que, abusada, ainda devolvia minhas gozações dizendo que o Flamengo seria campeão, porque bastava empatar. Aquilo era uma surpresa pra mim. Era uma decisão? Quem ganhasse seria campeão? Se o jogo terminasse empatado o Flamengo era campeão? Perguntei tudo de uma só vez ao meu pai que confirmou cada uma das perguntas, me deixando um tanto confuso, mas aí o jogo de futebol transcendeu sua importância, tornando-se vital para mim. Era questão de honra o Fluminense ser campeão! A garota não parava de me infernizar, cantando a toda hora que o Flamengo seria campeão. E de fato, em campo, o Flamengo pareceu crescer ainda mais, dando a nítida impressão que era o Fluminense que estava com um jogador a menos! Mentalmente eu xingava a garota e a todos os flamenguistas da face da terra e torcia desesperadamente para que o jogo terminasse logo e o Fluminense fosse o campeão.
Segundo tempo iniciado e o panorama continuava o mesmo: só dava Flamengo e a menina ali, me azucrinando. Ela deve ter percebido que eu estava fervendo de raiva e isso era um incentivo a mais para me caçoar. Por volta dos quinze minutos, o que estava se desenhando aconteceu: Gol do Flamengo. Dionísio, de cabeça! Parecia que o mundo ia se acabar. Parecia que naquele maracanã só tinha torcedor do Flamengo. Senti cada grito dirigido a mim somente, como se os mais de cento e setenta mil torcedores presentes gritassem diretamente nos meus ouvidos. Meu rosto ficou roxo de fúria, e a tal garota não parava de me encher o saco! Dali por diante, eu quase não via nada, porque todos os presentes estavam de pé, alucinados com uma das partidas de futebol mais emocionantes de todos os tempos. Era tanta gente que meu pai, preocupado, resolveu sair do estádio antes do término da partida. Caminhamos por umas ruas largas, a procura de uma condução que nos levasse pra casa, quando repentinamente um grito de gol se fez ouvir. Meu pai não tinha radio pequeno de pilha, e então ficamos sem saber quem tinha feito gol, mas meu coração ficou mais apertado. Tinha certeza que era gol do Flamengo, porque o Fluminense estava virtualmente derrotado, apenas se defendendo enquanto o Flamengo massacrava nosso time. Finalmente entramos num ônibus, superlotado, e ainda ferreamente seguro pela mão do meu pai, consegui me ajeitar num cantinho mais ou menos protegido ao lado de um cara que estava ouvindo o jogo por um radinho de pilha. Eu não tinha coragem de perguntar quem tinha feito o gol e nem conseguia entender nada do que se falava no rádio. Uma confusão danada, uma gritaria, com muita gente do lado de fora gritando “É campeão! É Campeão!” e a angústia crescendo no meu peito até que alguém gritou: “Flusão Campeão!”
Não me lembro de mais nada daquele minuto em diante, até a volta pra minha casa. A única coisa que eu pensava era naquela garota, flamenguista. “Toma, papuda!” era o que eu queria dizer na cara dela! Me senti vingado! Feliz como nunca antes na minha vida, sem saber que anos depois, eu me apaixonaria e casaria com uma garota flamenguista!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Dallas Cowboys 34 x 7 S.T. Rams

Apesar de ter sido uma excelente vitória, era uma obrigação dos cowboys ter derrotado em casa a fraca equipe dos Rams para ainda sonhar com uma vaga nos playoffs. Próximo Domingo os vaqueiros realizarão o derby contra a equipe dos Eagles e, caso os Giants não vençam, os Cowboys poderão chegar a liderança do seu grupo. A partida será na Filadélfia, casa dos Eagles.

Um destaque na partida de ontem foi o calouro DeMarco Murray que, após correr 253 jardas no total, bateu o recorde em distância percorrida em uma única partida pelos Cowboys, superando o ídolo da década de 90 Emmit Smith. Apesar de começar no banco de reservas, quando entrou em campo D. Murray marcou um TD após correr 93 jardas. Com essa façanha ele já esta se tornando um ídolo em Dallas.

Tony Romo outra vez não estava nos seus melhores dias, mas mesmo assim deu no total 166 jardas de passes. O jogo serviu para dar uma tranquilidade para a torcida e para o Quarterback que estava sofrendo uma pressão absurda por um bom desempenho nas partidas em casa.

Foi boa a vitória de 34x7 dos Cowboys para cima dos Rams, pois vai dar um ânimo para o time enfrentar os Eagles na semana que vem. Além de ser um confronto direto, pois os times são do mesmo grupo, uma vitória dos vaqueiros faz com que os Eagles permaneçam na última posição. Sem contar que com um tropeço dos Giants, os Cowboys podem chegar a liderança do grupo.
Agora é torcer.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Vencer ou vencer

Algo que realmente tem me incomodado muito é o comodismo no último quarto do time dos Cowboys. No último Domingo, contra os Patriots, os Cowboys estavam ganhando a partida de 16 x 13, até que chegou o 4º período e o time resolveu segurar o resultado. O único problema era que do outro lado estava nada mais e nada menos que Tom Brady, eleito o melhor jogador da temporada passada que, sobre pressão, se sai muito bem. Bem melhor que Tony Romo dos Cowboys. E, sendo assim, deu Patriots por 20x16, com um excelente passe de Brady para touchdown nos 2 minutos finais, sem chance de reação para Tony Romo e companhia.

Próximo Domingo (23/10) o time de Dallas enfrenta o lanterninha do grupo NFC West, o Saint Louis Rams que ainda não ganhou uma partida. Não é possível que dessa vez jogando em casa os Cowboys vão decepcionar sua enorme torcida. É obrigação conquistar uma vitória convincente para respirar e ter chances de se classificar para os playoffs dessa temporada. Com um 3º lugar no grupo NFC East, os Cowboys precisam vencer essa partida para chegar a 4 vitórias e embalar para o clássico contra os Eagles na próxima rodada, partida que será na Philadélfia.

Apartir de agora é vencer ou vencer para os vaqueiros de Dallas.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Deu pena dos Vikings

No jogo que fechou a noite deste domingo 16/10, Vikings e Bears fizeram um duelo onde só um time brilhou. Os bears reinaram sobre o fraquíssimo time dos Vikings (39-10). Apesar dessa enorme diferença qualitativa foi um jogo interessante. Vi a ótima apresentação do Matt Forte, o cara é bom mesmo, um dos melhores RB dessa temporada. Do outro lado vi um dos piores kicker e punter entrando em ação, cada chute pior que o outro. Coitado dos torcedores dos Vikings, fiquei com pena só de assistir aquela derrota inevitável. Na posição de QB dos vikings, tivemos uma dança das cadeiras, Donovan McNabb nao ia bem, seu substituto Webb tbm não mostrou um bom resultado. No final as coisas melhoraram um pouco, enquanto os Bears poupavam seu QB titular Jay Cutler, os Vikings colocavam Ponder Christian para jogar como QB. Ele foi um dos melhores, mostrou ousadia e habilidade. Pena que o jogo ja estava decidido. Será que McNabb continua como titular?

sábado, 15 de outubro de 2011

Uma tarefa muito difícil

Os Cowboys terão uma difícil tarefa amanhã no Gillete Stadium, onde enfrentarão os Patriots de Tom Brady para continuar respirando e com chances de classificação para os playoffs da NFL. Com 2 vitórias e 2 derrotas, os Cowboys apostarão novamente nos lançamentos de Tony Romo e recepções de Miles Austin para derrotarem os favoritos Patriots e tentar assumir a segunda posição em seu grupo, o NFC East. Enquanto isso os Patriots com 4 vitórias e apenas 1 derrota lutarão para mais uma vitória no grupo AFC East, sonhando chegar na liderança caso os Bills não vençam os Giants também em partida a ser realizada amanhã.

O grande problema para os Cowboys é a contusão de Tony Romo. Ainda sofrendo com as dores de uma costela quebrada e jogando com uma proteção especial, Romo não se sente seguro em efetuar seus lançamentos. É nítido o medo que ele sente em ser "sacado" pela defesa adversária. Talvez seria melhor deixá-lo de fora de mais uma temporada e colocar em seu lugar o veterano Jon Kitna. Este último mostrou-se muito bem nos últimos jogos da temporada passada pelos Cowboys. Esta certo que demorou um pouco a pegar "ritmo" de jogos, mas quando "engrenou" Jon Kitna mostrou-se um quaterback muito eficiente. O trunfo do time de Dallas para a partida seria a ótima fase de Miles Austin que já marcou 4 touchdowns na temporada recebendo passes.