Nunca fui fã
de lutas. Sempre considerei um esporte violento e, por isso, me mantinha
distante. Tinha pouquíssima noção. O suficiente, somente, para distinguir de outros
esportes. Até que um belo dia, curiosa para saber o motivo de tantos
comentários e descobrir o responsável por prender a atenção de meus irmãos em frente a tv (sem ser futebol) resolvi ver do que se tratava.
Era o combate Anderson Silva x Victor Belfort. O Belfort eu já conhecia. Sabia que além de lutador era marido da Feiticeira (Joana Prado) e também o irmão daquela jovem que
desapareceu, misteriosamente, no Rio de Janeiro e até hoje não foi encontrada. Um caso muito triste que dominou o noticiário por muito tempo.
Já o tal do
Anderson Silva não tinha a menor noção de quem era. Ouvia meus irmãos falando
de um tal Aranha que lutava muito, mas nunca parei para dar muito atenção a
conversa. A apresentação não podia ser de melhor maneira. Bastou um chute
certeiro no rosto do adversário para me mostrar sua força. E olha que o Victor Belfort não é
um oponente qualquer, pelo contrário, possui um currículo repleto de
conquistas. Aos 19 anos, tornou-se o
mais jovem lutador da história a vencer no UFC. Mas, não havia como
reagir diante da potência do pontapé. A luta deu ao Anderson a fama nacional e
ao Victor a derrota mais dolorida de sua vitoriosa carreira.
Pronto, foi
amor à primeira vista. Virei fã do cara. Seu estilo de luta é ousado, algumas
vezes, abusado. Com a guarda baixa gira levemente pelo ringue medindo o espaço
que o separa do oponente para com sua rapidez dar o bote. Músculos rígidos e olhar focado
contrastam com seu tom de voz fino. Motivo de chacota para alguns corajosos.
Anderson Silva
é o melhor, em sua categoria, mas não tem nenhuma vergonha disso. Não carrega a
síndrome do cachorro vira-lata que acomete muitos atletas brasileiros. Os
americanos já se renderam ao seu talento. Nós brasileiros, mais uma vez
atrasados, estamos nos apaixonando agora. Suas lutas são um show à parte, porém
sem humilhar o adversário. Só que quando desafiado ou provocado costuma
responder à altura dentro do ringue.
A princípio a
paixão se restringia ao Anderson. Não queria saber de outras lutas. Só
assistia as dele. Mas, para acompanhar o namorado acabei assistindo ao torneio
realizado no Rio de Janeiro. E é sempre muito bom ver brasileiro ganhando. Na
noite de 27 de agosto, de 10 lutas ganhamos 9, com direito a mais um show do
Aranha. Assim ficou difícil resistir a
febre MMA e estou me deixando contagiar.
Aos poucos vou
me familiarizando com as regras, os golpes e os jogadores. Ainda fecho os olhos
com determinados golpes, fico nervosa quando tem sangue. Contudo, no zapear de
sempre o Canal Combate já faz parte de uma paradinha estratégica. E foi em uma dessas paradinhas, em plena manhã de domingo, que me entreguei de vez ao esporte.
Graças a
reprise da luta entre o brasileiro Maurício Shogun Rua e o americano Dan
Henderson. Um combate magistral. Os dois são peso pesados, então, já dá para
imaginar o tamanho das feras. Nunca vi uma luta tão disputada. Shogun mostrou
um poder de resistência e de recuperação incríveis. Quem viu seu início de luta
não poderia imaginar que aguentaria até o fim. O nocaute parecia pronto a se apresentar.
Para surpresa
de todos não só aguentou como reagiu. Devolveu cada pancada recebida. Da defesa
ao ataque em poucos minutos. E se não fosse o cansaço físico teria condições de
liquidar seu adversário por nocaute. A luta acabou com ambos extasiados,
lutadores e público que assistia. Na decisão dos juízes Henderson ganhou. Na
minha concepção, o empate seria o resultado mais justo. A briga foi tão “feia”
que os dois lutadores estão impedidos de praticar qualquer atividade física,
inclusive treinos, por 180 dias, de acordo com recomendaçãoes médicas, para
que o corpo se recupere de tanto esforço e desgaste.
No entanto, o
resultado é o que menos importa. Muito mais significativo foi a
postura dos lutadores. Os especialistas classificaram a luta como
clássica, épica. Na visão de uma leiga foi a prova de que estamos falando
de um esporte em forte expansão, que atrai a cada dia mais praticantes e fãs e com uma organização admirável. Isso no momento, em que nossa paixão nacional - o futebol - nós premia com um festival de desorganização dentro e fora do campo, jogo de interesse, troca de favores, falta de profissionalismo e muita muita muita corrupção é gratificante saber que ainda há uma luz no fim do túnel.
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